Um café com Hugo Silva, Iberian Sustainability Specialist na Nestlé Portugal

Hugo

Engenheiro Civil de formação, comecei o meu percurso profissional num programa de trainees na Philip Morris International.

Juntei-me à Nestlé Portugal em 2018, como Supply Chain Project Manager, quando a Nestlé adquiriu os direitos de comercialização da marca Starbucks e, em Portugal, tivemos a primeira fábrica da Nestlé do mundo a produzir café sob a marca Starbucks.

Depois aceitei uma oportunidade na equipa de Nestlé Professional, como Brand Manager de uma marca de café local, produtos plant-based e confectionary. A sustentabilidade sempre foi uma paixão e parte integrante do meu dia-a-dia. Fundei o primeiro Sustainability Focus Group da Nestlé Portugal, trabalhando com diversas áreas de negócio e fábricas por forma a acelerar os projetos na organização.

Mais recentemente, em 2021, fui convidado a integrar a equipa de sustentabilidade ibérica como Iberian Sustainability Specialist, desenvolvendo projetos na área da infraestrutura de reciclagem de cápsulas de café, descarbonização das operações e logística e projetos de transição de material de embalagem para soluções prontas a reciclar.

Empack e Logistics & Automation Porto:

Como é o dia-a-dia de um Sustainability Specialist?

Hugo Silva:

É fazer parte de um ambiente desafiante, motivante, em constante mudança e desenvolvimento. Hoje, sustentabilidade faz parte da agenda de todas as empresas e, no caso da Nestlé, faz parte integrante da organização, sendo seguidos KPIs dia-a-dia por forma a medir o constante progresso para atingir os ambiciosos compromissos que nos propusemos.

Identificação de oportunidades junto de todos os negócios e unidades de apoio (fábrica, Supply chain) para o desenvolvimento e implementação de projetos e iniciativas, comunicação interna e externa com stakeholders e educação e sensibilização são apenas de algumas atividades que um especialista em sustentabilidade desempenha.

Empack e Logistics & Automation Porto:

Tendo em conta a sua carreira profissional, quais foram, na sua opinião, os maiores desafios que enfrentou e quais os projectos que recorda ou que destacaria na sua carreira profissional?

Hugo Silva:

Destacaria o projeto que surgiu através do programa muito interessante interno da Nestlé, o InGenius – Nestlé’s Employee Innovation Accelerator, que pretende fomentar a inovação através das ideias dos colaboradores. Aquilo a que costumo chamar o “Shark Tank da Nestlé” e em que basicamente é lançado um tema a desafiar os colaboradores a contribuírem como uma ideia ou projeto. Em 2020 o tema foram as alterações climáticas com uma pergunta: como é que podemos reduzir o impacto da Nestlé e combater as alterações climáticas?

Tendo a sustentabilidade como uma paixão, comecei a pesquisar ativamente com que ideia me poderia candidatar. Através de várias pesquisas, descobri que as algas que existem no oceano são responsáveis por absorver mais de 50% do dióxido de carbono que existe na atmosfera. Por isso, pensei: “é isto mesmo”. Vou ter de encontrar uma solução para trazer o potencial das algas para a cadeia de valor da Nestlé.

A ideia culminou na instalação de um Bio-reactore  nos headquarters da Nestlé.

Este biorreator tem uma espécie de microalga que se chama spirulina e o que está a acontecer é que estamos a injetar constantemente pela parte inferior dos biorreatores – que são 12 – dióxido de carbono, ou seja, ar poluído do edifício que através do poder de fotossíntese das microalgas é transformado em oxigénio e ajuda a condensar todas as impurezas dentro da água.

Para além disso, gostava também de destacar o esforço e a perseverança da Nestlé em encontrar novas soluções de Packaging por forma a termos todos os nossos produtos desenhados para ser reciclados. Prova disso, foi o investimento da Nestlé no nosso Nestlé Packaging Institute, um departamente dedicado à investigação e inovação na área do Packaging. Todo este conhecimento é aplicado em projetos locais, nas nossas fábricas do Porto e de Avanca.

Empack e Logistics & Automation Porto: 

Em termos de sustentabilidade, quais são os compromissos ambientais da Nestle e de que forma afectam o departamento de embalagem e de logística?

Hugo Silva:

As alterações climáticas são um dos maiores desafios da nossa sociedade. Também são um dos maiores riscos para o futuro do nosso negócio.

Resolver este problema requer ação por parte de todos e com urgência. A Nestlé pode ser só uma entidade, mas temos o tamanho, escala e alcance para influenciar muitas mais e inspirar ação coletiva.

Temos o compromisso de reduzir para metade as nossas emissões até 2030 e atingir as zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2050 – mesmo tendo em conta o crescimento da empresa.

Para suportar no atingimento dos compromissos anteriores, temos especificamente targets na área das embalagens e logística. Queremos ter mais de 95% das nossas embalagens de plástico desenhadas para ser recicladas e reduzir em 1/3 a utilização de plástico virgem até 2025.

Mais focado na descarbonização, queremos ter 100% de eletricidade renovável em todas nossas instalações a nível global até 2025, sendo que na Nestlé Portugal nos orgulhamos de já ter atingido este compromisso. Também estamos a trabalhar para converter 100% de frota automóvel em elétrica.

Empack e Logistics & Automation Porto: 

Está particularmente entusiasmado com algum projeto ou iniciativa recentemente desenvolvida pela Nestlé?

Hugo Silva:

Sim, estamos com um projeto desafiante com alguns parceiros de logística que consiste na alteração de combustível que utilizamos nas nossas frotas, passando da utilização do Diesel convencional para a utilização de HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) um combustível proveniente de fontes renováveis e de baixas emissões. Com a utilização do HVO, conseguimos de forma direta reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 80% por cada quilometro percorrido.

Por agora, é um projeto que começamos com um piloto em Espanha e Portugal mas que queremos dar-lhe escala por forma a ajudar na descarbonização das nossas operações na ibéria. É um projeto que neste momento me entusiasma muito!

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