Um café com… Joana Campos Silva, Circular Fashion Business Advisor

um café com Joana Campos Silva

Formada em comunicação e especializada em gestão sustentável. Nos últimos 13 anos dediquei-me ao desenvolvimento de marcas de moda, tornando-me consultora de comunicação e moda circular.
Para além de consultora do Fashion Makers Studio, desempenho funções na unidade de sustentabilidade da MODAPORTUGAL e sou embaixadora e mentora do projeto Be@t – Bio Economia da Têxtil (CITEVE).
A minha missão é ativar mudanças positivas por meio da comunicação, criando marcas mais humanas e responsáveis.

Empack e Logistics & Automation Porto: Tendo em conta a sua carreira profissional, quais foram, na sua opinião, os maiores desafios que enfrentou e quais os projetos que recorda ou que destacaria na sua carreira profissional?

Joana Campos Silva: Ao longo de 15 anos sinto que o maior desafio sempre foi gerir pessoas. Um projeto marcante foi sem dúvida o desenvolvido do rebranding da marca Tintex Textile, uma marca portuguesa com um portfólio sustentável incrível e reconhecimento internacionalmente. Ter tido o privilégio de fazer esta marca, mudou a minha visão do mundo, ao ponto de mudar o meu modelo de negócio 🙂

E.L.Porto: Na sua opinião, em relação à sustentabilidade quais os desafios atuais
mais pertinentes no sector têxtil e de vestuário?

Joana Campos Silva: Transparência – acredito que a obrigatoriedade pela transparência vai fazer com que as marcas / os negócios “desejem” ser melhor. A transparência pode vir pela rastreabilidade da cadeia de valor, pela evidência de impacto, pelo passaporte digital, pelo rancking. Presenciei de perto num projeto e foi incrível perceber como a “ameaça” de mostrar os dados reais, faz com que as empresas temam pela sua reputação que levou tantos anos a construir. A transparência será o movimento mais importante desde século e trará uma transformação efetiva aos negócios, pois obriga-nos a olhar para os dados e a fazer mudanças concretas. Ninguém quer ser “menos bom”!

E.L.Porto: Recentemente, teve a oportunidade de visitar a última edição da Empack e Logistics & Automation Porto 2024. Que impressões e comentários tem sobre isso, o que pensa sobre este tipo de reuniões e que repercussões pensa que têm para o sector?

Joana Campos Silva: Fiquei particularmente entusiasta com a parte da robotização. O recrutamento será muito diferente num futuro próximo. Existe pouca mão de obra especializada e recrutar hoje em dia é difícil. Ou vendemos um produto de valor acrescentado, ou deixará de fazer sentido, ter pessoas a fazer o mesmo movimento em fábrica durante 20/30 anos. O meu filho já olhará para esse “movimento” como trabalho escravo. A industria da moda terá de se modernizar ainda mais, e passará por atribuir funções de alto valor às pessoas, que inevitavelmente terão de ser mais bem remuneradas. As máquinas, os robots farão todo o trabalho menor, onde de alguma forma o ser humano já não acrescenta valor. Acredito que a transformação na indústria do têxtil e do vestuário será enorme. Teremos de mostrar através através de novas funções que o trabalho humano é de dimensão superior e não poderá ser equiparado ao trabalho de repetição.

E.L.Porto: Por último, se tivesse de dar um conselho à Joana de há 10 anos, qual seria?

Joana Campos Silva: Calma, tudo acontece no tempo certo.