Um café com… Nuria Montes, CFO na DHL Supply Chain Espanha e Portugal

Empack e Logistics & Automation Porto: Fale-nos um pouco sobre si e sobre o seu percurso. Como foram os seus primeiros passos e como foi crescendo dentro da DHL Supply Chain?
Nuria Montes: Sou licenciada em Administração e Direção de Empresas pela UAB e tenho um PDD do IESE. Iniciei a minha carreira em auditoria, tanto interna na La Equitativa, uma companhia de seguros, como externa na PwC. Em 1995, assumi o cargo de Responsável de Administração e Contabilidade na Serralta, uma empresa de Supply Chain (gestão da cadeia de abastecimento) que atualmente faz parte da DHL. Após desempenhar diversas funções na área financeira e ganhar experiência em duas das suas divisões de negócio, Supply Chain e Global Forwarding, desde 2011 sou a CFO da filial ibérica da DHL Supply Chain (DSC), líder mundial em logística.
Sou uma diretora financeira apaixonada (sim, leu bem — paixão e finanças!) dedicada ao crescimento rentável e sustentável da DSC Iberia, sempre em conformidade com a regulamentação. O meu percurso profissional reflete uma forte capacidade de gerir situações complexas, liderar equipas diversas e manter o foco no cliente, contribuindo positivamente para o negócio e garantindo resultados. Esforço-me por liderar uma equipa talentosa e comprometida, onde cada membro se sinta valorizado e motivado.
Tenho uma forte obsessão pela melhoria de processos, automação e digitalização, procurando sempre inovação que gere resultados sustentáveis. Acredito que o meu foco na resolução de problemas e na implementação de mudanças eficazes tem sido fundamental na minha carreira.
Empack e Logistics & Automation Porto:Durante o tempo que leva a trabalhar na DHL Supply Chain, que projetos representaram um verdadeiro desafio profissional e porquê?
Nuria Montes: Um dos maiores desafios que enfrentei foi a criação de uma nova equipa após a aquisição das empresas de Supply Chain em Espanha por parte da DHL em 2005 (Exel, MSAS, DHL Solutions, Disfast ou Tibbet, entre outras). A tarefa consistia em formar uma equipa de administração e contabilidade coesa que trabalhasse de forma uniforme, o que implicava definir todos os processos em linha com a nova estrutura da empresa alemã, ao mesmo tempo que continuávamos a dar suporte ao negócio.
Este desafio foi significativo, pois incluía a implementação de um novo ERP, a realização de fusões legais e a adoção de um modelo de tesouraria atualizado. Conseguir que todos trabalhassem sob um único sistema e manter o suporte ao negócio representou um enorme desafio. As fusões — ou melhor, as integrações — são complexas porque normalmente implicam uma mudança na gestão e a adoção de uma nova cultura por parte de uma das empresas, o que, somado ao dia a dia, é um grande desafio quando falamos de uma empresa com 500 milhões de faturação.
Empack e Logistics & Automation Porto: Imagine que teria de implementar melhorias imediatas numa empresa no que diz respeito à cadeia de abastecimento. Quais seriam?
Nuria Montes: Cada setor tem necessidades específicas no que diz respeito à cadeia de abastecimento, mas há áreas que são transversais a todas as indústrias. Por exemplo, neste momento, se uma empresa não considerar aproveitar o binómio inteligência artificial (IA) – robótica colaborativa aplicado à sua cadeia de abastecimento, fica praticamente fora do mercado.
Inovações como a IA generativa, os robôs colaborativos e os veículos autónomos continuarão a ganhar peso e a interagir entre si, trazendo agilidade e segurança aos operadores no ambiente de armazém e permitindo, entre outras coisas, antecipar picos de volume de procura e ajustar estrategicamente as operações para responder de forma eficiente às necessidades do cliente.
Outro ponto importante para as empresas é contar com parceiros logísticos que garantam a integridade e segurança de toda a cadeia de abastecimento. Neste sentido, a DHL Supply Chain aposta numa estratégia robusta de nearshoring que fortalece a nossa presença, reduz custos e melhora a eficiência e resiliência das cadeias de abastecimento que gerimos perante eventuais disrupções globais. Isto implica, entre outros fatores, a expansão de infraestruturas, foco em setores-chave com elevado potencial de crescimento e reforço da conectividade regional aproveitando os grandes tratados comerciais.
Por fim, é fundamental apostar em cadeias de abastecimento sustentáveis e energeticamente eficientes. Nenhuma empresa pode ignorar esta abordagem atualmente.
Empack e Logistics & Automation Porto: Ligando com este ponto, qual é o compromisso da DHL Supply Chain no que diz respeito à sustentabilidade? Que mudanças já aplicaram e quais esperam aplicar num futuro próximo?
Nuria Montes: A sustentabilidade é uma área chave para a logística. Requer investimento e um forte compromisso a todos os níveis, mas é uma prioridade para nós. O Grupo DHL, e por extensão a DHL Supply Chain, tem um firme compromisso de atingir zero emissões líquidas até 2050 e, todos os dias, damos passos nesse sentido, reforçando os nossos investimentos em frotas elétricas, otimizando rotas de entrega para minimizar o impacto ambiental, utilizando embalagens sustentáveis e construindo edifícios e instalações neutros em carbono, entre outras medidas.
Mas se há uma medida particularmente relevante e inovadora para avançar rumo às zero emissões, é o lançamento do serviço pioneiro DHL GoGreen Plus, cuja utilização permite aos clientes das diferentes unidades de negócio do grupo reduzir as suas emissões de Alcance 3 (emissões indiretas de gases com efeito de estufa geradas na cadeia de valor de uma empresa, incluindo o transporte e a distribuição). Ao contrário das iniciativas de compensação, o DHL GoGreen Plus (insetting) reduz as emissões de gases com efeito de estufa a partir de dentro do próprio setor logístico e, por isso, pode ser utilizado pelos clientes da DHL como certificado nos seus relatórios de emissões — algo de enorme valor para eles.
Empack e Logistics & Automation Porto: Finalmente, se pudesse dar um conselho ao seu “eu” de há 10 anos, tendo em conta as mudanças imprevisíveis que vivemos nos últimos tempos, qual seria?
Nuria Montes: Querida eu do passado:
Nesta fase da sua vida, lembre-se de que é fundamental preocupar-se menos e focar-se no que realmente importa. Aprenda a dizer “não” com mais frequência àquilo que não é prioritário; definir prioridades e manter-se fiel ao seu plano vai ajudá-la a manter o rumo. Seja fiel às suas ideias e princípios e, embora seja valioso ouvir os conselhos dos outros, não se esqueça de que é você quem melhor conhece o seu próprio caminho. Confie no seu discernimento, apoiando-se nas conquistas do passado.
A pandemia vai ensinar-lhe lições valiosas sobre adaptabilidade e resiliência. Vai aprender a gerir equipas remotamente, a priorizar a saúde e o bem-estar dos colegas e a inovar na forma como faz negócios. Não subestime a importância de se conectar com colegas de outros países; construir essas relações pode abrir-lhe muitas portas e enriquecer a sua perspetiva. Ter a consultoria “em casa” é um privilégio que nem todos têm — aproveite ao máximo essa vantagem. Confie em si mesma e aproveite a viagem!
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