Setor automóvel fatura 42,6 mil milhões. Estado fica com 10,9 mil milhões em impostos

Mais de 40% dos impostos cobrados neste setor correspondem à comercialização de veículos e peças. IVA dos combustíveis e o ISP também correspondem a 40% da receita fiscal setorial.

O setor automóvel português integra atualmente 35 mil empresas e 167 mil trabalhadores, uma força de trabalho responsável por um volume de negócios de 42,6 mil milhões de euros, cujo impacto no produto interno bruto (PIB) totaliza 6,1 mil milhões de euros (4,1% do PIB nacional).

É a ACAP – Associação Automóvel de Portugal que o diz num balanço ao setor, apresentado esta quinta-feira, intitulado de “A Importância do Setor Automóvel em Portugal”. Aqueles números têm por referência o ano de 2023, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística.

Há cerca de dois meses um estudo idêntico, mas elaborado pela Mobinov, indicava que o cluster da indústria automóvel nacional tinha faturado mais de 20 mil milhões de euros, em 2022, assegurando emprego a 85 700 pessoas, e contribuindo com 5 720 milhões de euros para o PIB (2,4% do total). Os números da ACAP fazem uma atualização aos dados e apontam para um cenário mais ambicioso.

Segundo o relatório da ACAP, os números apurados “reforçam a importância do setor para o panorama económico nacional”, que, em 2024, contribuiu com 10,9 mil milhões de euros em receitas fiscais (17,8% da receita fiscal total do país).

Destes 10,9 mil milhões que o Estado arrecada, 42% corresponde ao comércio de veículos e peças; 27% ao imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP); 17% ao IVA dos combustíveis; 5% ao imposto único de circulação (IUC); 4% ao imposto sobre veículos (ISV); 3% ao IUC das autarquias; e 2% ao IVA das portagens.

Do lado da produção automóvel, 2024 registou a segunda produção “mais alta da última década” (332 546 veículos), apenas atrás do ano de 2019 (345 688 carros).

A Europa é o principal mercado exportador do setor, representando 87,6% das exportações nacionais. Segue-se África (5,8%), Ásia (3,4%), Oceânia (2,3%) e América do Norte (0,9%).

A ACAP estima ainda que o setor automóvel representa 12,6% (9,8 mil milhões de euros) do total das exportações do país.

O número de novos automóveis ligeiros nas estradas portuguesas cresceu 5,1%, para 209 715, no último ano, sendo que os veículos elétricos e híbridos representam 57% das novas matriculas.

Não obstante, a ACAP insiste num problema antiga – Portugal tem um parque automóvel desamiado envelhecido.

“Embora haja uma maior consciencialização no momento da aquisição de veículos novos, o parque automóvel português continua a apresentar números pouco sustentáveis: com a esmagadora maioria dos carros movidos a combustíveis fosseis – apenas 9% são veículos de energias alternativas –, em 2024, encontravam-se a circular em Portugal cerca de 1,5 milhão de automóveis com mais de 20 anos de idade”, lê-se.